sexta-feira, 16 de novembro de 2007

CAPITULO III - “A VACA DE NARIZ SUTIL”

A romancista cearense Rachel de Queiroz tem dois livros com nomes de bichos: “O Caçador de Tatu” e “O Galo de Ouro”. “Ninho de Cobra” é título de uma novela de Ledo Ivo, que começa com uma raposa invadindo a cidade. José Cândido de Carvalho criou o seu “O Coronel e o Lobisomem”, que hoje correm mundo em noites de lua cheia. Chico Anysio escreveu “O Batizado da Vaca”. Julieta Godoy Moreira é autora de “Entre Lobos e Cão”. Marisa Raja Gabaglia criou o seu “Milho para Galinha, Mariquinha”; o pernambucaníssimo Luís Jardim escreveu uma novelota infanto-juvenil, que se chama “O Boi Aruá”. Lima Barreto, um dos escritores necessário a este país, descreve de maneira magistral, no seu “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, um feroz ataque de formigas a um pomar. “Três Alqueires e uma Vaca” é título de um livro do escritor católico, Gustavo Corção. A velha cronista paraense, Eneida, publicou em 1955, pela José Olympio Editora, o seu “O Cão da Madrugada”. O romancista Osório Alves Castro, barranqueiro do São Francisco, intitulou o seu segundo livro com o sugestivo nome de “Maria Fecha a Porta Prau Boi Não te Pegar”. “Carcará” é nome de uma novela do potiguar Ivan Bichara. O grande Monteiro Lobato, esse homem imenso, que fez as crianças do Brasil se interessarem por livros, intitulou uma de suas obras de “Picapau Amarelo”. O goiano Campos de Carvalho escreveu “A Vaca de Nariz Sutil”, Francisco Marinho, da Academia Paulista de Letras, criou várias histórias com nomes de bichos: “O Coleira Preta”, “Gafanhotos em Taquara-Póca e “Bugre-do-Chapéu de Anta”.

São por demais conhecidos os belos versos de Manuel Bandeira, em que os batráquios dialogam na lagoa: - “Urra o sapo boi! – Meu pai foi rei” – Foi! – Não foi” / Foi – Não Foi!”

O alemão Günter Grass, Prêmio Nobel de Literatura de 1999, escreveu “A Ratazana” e o “Linguado”. O polêmico D. H. Lawrence publicou o “Pavão Branco” e “A Serpente Emplumada”. Machado de Assis, no seu estilo trôpego, monótono, repetitivo, abre o “Memórias Póstumas de Brás Cubas” com a seguinte frase: “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver”. De Mário de Andrade é “Empalhador de Passarinho” e o “O Peru de Natal”. Paulo Dantas, esse velho escritor “nordestinado”, muito contribuiu para o povoamento do zoológico literário, com “O Sertão do Boi Santo” e “De Repente o Mar”, neste o, personagem central é uma baleia. O grande mexicano Carlos Fuentes intitulou uma novela de “A Cabeça da Hidra”; o nosso pernambucano Hermilo Borba Filho, autor de um estilo seguro, incisivo, criou “O Cavalo da Noite”. A Editora Paz e Terra publicou, em 1978, a novela do peruano Ciro Alegria, que tem o belo título em castelhano, de “Los Perros Hambrientos” (Cães Famintos). “Três Tristes Tigres” é o clássico do dissidente cubano, Cabrera Infante. Severo Sardui foi outro cubano, que também botou uma “Cobra” no zoológico literário. O inconfundível Juan Rulfo, no “O Planalto em Chamas”, publicou um conto intitulado “Não está Ouvindo os Cachorros Latirem?”. O escritor dominicano, Juan Bosch, no seu “Maravilha”, escreveu: “calmo, lúgubre, experimentado em sofrimento, ia caminhando lentamente o velho boi negro”. O argentino Ricardo Güiraldes, no seu fascinante “Dom Segundo Sombra”, cita com assiduidade cavalos, cães, vacas, quero-queros e “um galo cantou; alvorecia impetuosamente”. “Entardecia quando a cavalgada chegou” – disse o equatoriano Jorge Icasa, em seu valoroso romance social, “Huasipungo”. O nosso Visconde de Taunay, no soberbo “A Retirada da Laguna” (com nova edição na praça), fala o tempo todo em bois e cavalos. Aníbal Machado assinou um conto que se intitula “Ratos, o Guarda-Civil e o Transatlântico”. A Edições Melhoramentos, na Coleção Prisma, publicou “Os Animais em Perigo”, do norte-americano John Sparks. “Bichos que falam” é título de um infanto-juvenil de Viriato Correia. O casal de escritores norte-americanos, Barbara “BJ” Hateley e Warren H. Schmidt, escreveram um livro sobre negócios, com o título de “Um Pavão na Terra dos Pingüins”. O vate paulista Rolando Roque da Silva, em “O Poeta e Circunstância”, diz o seguinte: - “é chegado o tempo em que as ovelhas, / retribuindo os golpes e os ápodos / estão, nos quatro cantos do Universo, / arreganhando os dentes para os lobos”. Antonio Lapate Netto, poeta e educador competente, em Santo André, em “Alhos com Bugalhos”, cita vários animais como o lobo, o bode, o leão, o grou, o elefante, a cigarra, a formiga, a mosca, a aranha, a raposa, o galo, a mula, o canguru, o pernilongo, entre outros.

O velho poeta piauiense, Da Costa e Silva, um dos grandes trovadores deste país, infelizmente esquecido, no seu poema mais conhecido, “Saudade”, do livro “Poesias Completas”, assim diz: “Saudade! O Parnaíba – velho monge. As barbas brancas alongando... E, ao longe, / o mugido dos bois da minha terra”. A parisiense Anaïs Nin, que provocou paixões desesperadas no tarado Henry Miller, escreveu um belo livro, com o título de “Pequenos Pássaros”.

Em 1973, um grupo de rapazes e moças sonhadores, no meio dos quais se encontrava este que vos fala, fundou o Colégio Brasileiro de Poetas, em Mauá (SP) e ao publicarem a segunda antologia poética do grupo, deram-lhe o nome de “Revoada de Pássaros Negros”. O romancista americano, Scott Fitzgerald, no “Seis Contos da Era do Jazz”, tem um trabalho intitulado “As Costas do Camelo”. John Steinbeck criou “Ratos e Homens” e “O Menino e o Alazão”. Jack London, em boa parte dos seus livros, tem animais como personagens, tais como “O Filho do Lobo”, “O Lobo do Mar”, “As Tartarugas da Tesman”, etc. O Prêmio Nobel, García Márquez, enriqueceu a literatura mundial com “Olhos de Cão Azul”; o chileno José Donoso nos presenteou com um livro intitulado “O Obscuro Pássaro da Noite”. Walt Whitman, o velho gato angorá norte-americano, assim descreve no seu “As Folhas da Relva” “o rapazola carpindo milho, o liteireiro guiando seus seis / cavalos no meio da multidão”. O nosso importantíssimo Raul Bopp, que escreveu “Cobra Norato” e tem quem diga que é “Cobra no Rato”, começa o imenso poema assim: “faço puçanga de flor de tajá de lagoa / e mando chamar a Cobra Norato”.

O contista catarinense, Enéas Athanázio, em um de seus livros, descreve um velho cavalo (Rosilho Velho) com tanta perfeição e sentimento, que provoca choro no leitor.

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