sexta-feira, 16 de novembro de 2007

CAPITULO V - “ARARA VERMELHA”

O escritor Ronald de Carvalho, no livro exemplar, “Itinerário”, falando da sua visita ao México, assim escreveu, tomado de deslumbramento: “onde as árvores não brotam, não corre água, nem se emplumam aves, está o mexicano, com sua coragem, a sua resignação e o seu heroísmo espontâneo”. O carioca Gastão Cruls batizou dois contos, um “Coivara”, de “O Caçador de Pacas” e o outro de “História Puxa História”, de “A Patativa”. O mundialmente famoso Vladimir Nabokov, na novela, “Lolita”, descreve este período: “Cresci, criança saudável e feliz, num mundo brilhante de livros ilustrados, areias claras, laranjeiras, cães amigos, paisagens marinhas e rostos sorridentes”. Francisco Julião, esse pernambucano misto de escritor e agitador político, escreveu assim, em “Irmão Juazeiro”: “O defeito dela era ser estéril. O maior defeito que u’a mulher podia ter. Como vaca maninha. E por falar em vaca, quando o filho nascesse, ferrava – ferrava-lhe um garrote”. O poeta sergipano, Afonso Vicente Ferreira, no soberbo livro “Arpejos Póeticos”, escreveu: “Com unhas e dentes, um cão rói um osso”. O escritor Eduardo de Oliveira, em “Angústia do Tempo Presente”, que está no livro “Banzo”, assim se expressou: “O leite é artigo de luxo / que só o rico põe no buxo, / e dá pros gatos, e pros cães”. Bruna Lombardi intitulou um dos seus poemas de “O Dragão”, de “Ilha das Cobras”. O vigoroso contista, teatrólogo e poeta Cuti, pseudônimo de Luís Silva, em “Batuque de Tocaia”, cunhou estes versos incisivos: “Eu vou ao mar para colher os ossos / e pedir aos tubarões que devolvam a lembrança / dura dos seus banquetes". O gaúcho Vargas Neto batizou um livro de “Gado Xucro”. Boris Pasternak abre o “Dr. Jivago” assim: “Seguia, seguia sempre e, quando cessava o canto fúnebre, julgava-se ouvir, como a continuá-lo, cantarem as pernas, os cavalos e o sopro do vento”. O catarinense Alcides Buss, no seu “Transação”, inseriu os poemas “Todos os Pássaros” e “Beleza e Camarões”. Colhemos a descrição seguinte no livro “História Social da Economia Capitalista no Brasil”, do sociólogo Oliveira Viana, citando Saint Hilaire: “Umas baixas casinhas, quase sempre de palhoça eram a habitação de senhores de 20 ou 30 léguas de belas terras e que colhiam 10 a 20.000 bezerros”. O português Fernando Pessoa escreveu o famoso poema “O Guardador de Rebanhos”. Outro português, também melancólico, Antero de Quental, disse os versos seguintes: “A amazona, que se agarra às crinas / Dum corcel e combate satisfeita”. O poeta pernambucano, Deolindo Tavares, no seu “Poesia”, escreveu assim: ... “o Leão representa a besta, e a besta domina o mundo”. Camões se referindo ao avestruz, que dizem ter um intestino que devora tudo, assim se expressou no épico “Os Lusíadas”: “às aves no ventre o ferro gastam”.

C. G. Jung, nas memórias, assim descreve suas andanças pelas Áfricas negras: “Até o horizonte mais distante, percebemos imensas manadas: gazelas, antílopes, gnus, zebras, javalis, etc. Pastando e sacudindo as cabeças, as manadas se moviam lentamente - ouvia-se apenas o grito melancólico de uma ave de rapina. Havia o silêncio do eterno começo”. O poeta cearense Vanderley Pereira, em “Cantiga que Vem da Terra”, presenteia o leitor com estes belos versos: “O Cenário: a caatiga, um boi mestiço; / Um chocalho chorando, um pau quebrado; / Um cavalo cardão, sagaz; Um gibão sobre o toco, abandonado”. Outro poeta, desta vez o matuto Zépraxédi, do Rio Grande do Norte, em “Meu Siridó”, imprimiu versos como os que se seguem: “Tem a tristeza de rês / qui berra chêrando o chão / no lugar qui derramaro / o sangue dum seu irmão”. “A negra dançava sempre, circulava pela sala, derretida para os homens, roçando-se neles, num jeito de galinha contra o galo, no terreiro” – O escritor cearense Herman Lima assim escreveu no seu livro “Garimpo”. O contista baiano Luís Garboggiani Quaglia no conto “O Menino e o Peixe”, incluso em “Panorama do Conto Baiano”, disse: “o galo cantava na madrugada, a pomba gemia através do ar aveludado”. Outro baiano, Santos Moraes, publicou uma estória curta chamada “Caçador de Borboletas”. Georges Simenon intitulou dois dos seus policiais com nomes de bichos: “O Cão Amarelo” e o “Gato”. A carcaça de um veado, morto a vinte milhas, deu carne suficiente para encher uma torta de vasta circunferência. Um bacalhau de sessenta libras, pescado na baía, fora dissolvido no rico molho do “chowter” (peixe cozido com biscoito) – esta descrição-receita está no livro “A Casa das Sete Torres”, de Nathaniel Hawthorne. Até hoje ainda corre mundo, quase que de domínio público, a frase famosa do Barão de Itararé: “Quando pobre come frango, um dos dois está doente”. O poeta cearense Cruz Filho, no livro “Poemas dos Belos Dias”, tem um verso que diz o seguinte: “Aos pinchos, pela sombra, indolente e moroso, / O batráquio estacou no fundo do poço à borda”. Rudyard Kipling intitulou um de seus livros de “Jacala, O Crocodilo”.

R. L. Stevenson, no início do “A Ilha do Tesouro”, diz... “coisas esquisitas da Ilha da Tartaruga e outras regiões selvagens do continente espanhol”. Bernando Guimarães, no romance “A Escrava Isaura”, fez esta descrição: “Bois truculentos, e nédias novilhas deitadas pelo gramal, ruminavam tranquilamente à sombra de altos troncos da casa, balavam as ovelhas, e mugem as vacas”. James F. Cooper, no primeiro capítulo de “O Último dos Moicanos”, disse assim: Aceitaram a proteção do major Duncan Heyward, em belíssimos cavalos, iniciaram a caminhada”. “Se o encantado de sua vida é um pássaro maravilhoso que você ama carinhosamente, você alegremente o alimentará com as sementes do seu íntimo e fará do seu coração uma gaiola” – disse Kahilil Gibran Kahilil, no livro “Espirito Rebelde”.

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