sexta-feira, 16 de novembro de 2007

CAPITULO X - "TREZENTAS ONÇAS”

O filósofo inglês Bertrand Russel diz o seguinte em “O Casamento e a Moral”, referindo-se à impureza do corpo dos católicos do tempo de Santa Paula: “Os piolhos eram chamados pérolas de Deus, e andar coberto deles era marca indispensável de santo varão”. O gaucho Simões Lopes Neto intitulou um conto de “Trezentas Onças”. Henrik Sienkiewicz, escritor polonês, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1905, fez com que um personagem afirmasse o que se segue, no seu mundialmente conhecido “Quo Vadis?”: “Casarás Vitélio com o Nilo, para que dessa União nasçam hipopótamos: dará a Tigelino o deserto onde ele será o rei dos chacais...” Nehem Adas, na sua “Geografia da América”, vociferou: “A Inglaterra, ao contrário de Portugal e Espanha, não possuía escassez de mão-de-obra. Apresentava uma excedente população, em várias áreas de seu território, da agricultura pela criação de ovelhas com a finalidade de abastecer a indústria têxtil”. O velho Conan Doyle, em “O Círculo Vermelho e Outras Aventuras de Sherlock Holmes”, escreveu: “O Cão reflete a vida da família. Quem já viu um cão espevitado numa família sorumbática, ou um cão tristonho numa família jovial? Gente rabujenta tem cães rosnadores, gente perigosa tem cães perigosos”. O historiador baiano, Luíz Viana Filho, no seu nutrido livro “O Negro na Bahia”, disse: “Também na criação de gado não prosperou o trabalho do negro escravo. O fato é fácil de explicar. Assentava principalmente, em regiões de ordem econômica. A criação, não suportava as despesas exigidas dos donos das extensas sesmarias”. O escritor Guilherme Figueiredo, no livro “Comidas, Meu Santo”, intitulou um capítulo de “Cobras e lagartos”. “Não há dúvida de que existe um cheiro corporal característico de cada indivíduo. Embora a maioria de nós não esteja conscientes dele na maior parte das vezes, sua presença pode ser facilmente demonstrada pela facilidade com que um cão é capaz de seguir um rastro”: esta falação se encontra no livro “As Diferenças Raciais”, do professor Otta Klineberg, da Universidade de Columbia. Thales de Azevedo, no clássico “Povoamento da Cidade do Salvador”, assim verbaliza: “A praga da formiga é a mais antiga e tenaz inimiga da lavoura no Brasil. Mal chegara à Bahia, Nóbrega já mandava contar na Europa as devastações que faziam as formigas”.

O mineiro Aires da Mata Machado Filho, no livro, “O Negro e o Garimpo em Minas Gerais”, falando do totemismo dos negros, assim descreve: “Os Bananeca” têm uma cerimônia especial, por ocasião das colheitas, quando prestam um verdadeiro culto a um boi a quem chamam de Geroa”. O escritor gaúcho, Josué Guimarães, intitulou um de seus livros de “O Gato no Escuro”. O pintor e escritor Carybé, nas “As Sete Portas da Bahia”, assim falou: “Os bois, pacíficos e sonâmbulos, guiados como por encanto por uma liturgia de aboio, responsos de despedida chegam entre ladridos dos cães aos currais que circundam o sombrio edifício do matadouro”. O ex-presidente José Sarney batizou um de seus livros de “Marimbondo de Fogo”. Otto Lara Resende no seu bem estruturado “As Pompas do Mundo” assim descreve a ambiência rural mineira: “E passava pelos gordos tempos da lavoura farta a perder de vista. De toda a bem nutrida criação: novilhas, reses, muares, marroazes, sedosos cavalos de sela e tropa”. Pedro Nava intitulou uma de suas memórias de “Galo das Trevas”. A escritora carioca, Patrícia Bens, intitulou um livro de contos, de “Assassinato dos Pombos”. Leiamos o que disse o sarcástico Aggripino Grieco, no seu “Machado de Assis”, onde nem sempre é simpático ao romancista do Cosme Velho: - “Quanto à pilhéria que lhe atribui Leôncio Correia, dizem a um garçom: a propósito da mosca na sopa, gosto de mosca... mas ... separadamente”. O romancista Stephen Gilbert, na novela macabra, “Vingança Diabólica”, com sua obsessão por ratos, diz assim: “Depois de algum tempo, todos os ratos de cauda peluda tinham sido alimentados”.

O poeta inglês, John Keats, assim se expressou no poema “La Belle Dame Sans Merci”: “Que te pode doer, pobre diabo / Só em desalento vagando; / Os cíperos vêm secos desde o lago / E nenhum pássaro cantando”. O poeta H. W. Longfellow tem um verso assim: “É o gemido das Raposas e Corvos, ou o poderoso Bocemote”. “Um cão da família Montecchio bole-me os nervos” – disse Shakespeare em “Romeu e Julieta”. O angolano poeta Agostinho Neto escreveu estes versos, no seu livro famoso “Sagrada Esperança”: “ A vida a ti devo / À mesma dedicação ao mesmo amor / com que me salvaste do abraço / da jibóia”.

Oswaldo Orico, no auge da polêmica com R. Magalhães Júnior, que havia publicado “Rui o Homem e o Mito”, uma diatribe infernal contra o águia de Haia. Fez vir à luz do dia, “Um piolho na asa da Águia”, que, diga-se de passagem, não possui a argumentação da obra do autor de “Canção Dentro do Pão”.

Botando um ponto final nesta série de considerações sobre bichos na literatura mundial, onde consultei dezenas de livros e autores do mundo todo, e que provocou alguns comentários, uns contra, outros a favor, quando foram publicados em capítulos na “Voz de Mauá”, chamamos alguns dos maiores dicionaristas do país, a fim de darem os seus pareceres valiosos sobre a palavra bicho e seus derivados. Vejamos o que nos diz o Novo Dicionário Aurélio: “Bicho. (do lat. Bestiu.) S.M.I. Qualquer dos animais terrestres.6. Bibliol, Qualquer inseto bibliófago.Brasi.Pop. Designação comum a alguns tipos de insetos, como o cupim, a traça e outros, que introduzindo-se na madeira, nos tecidos, no papel, nas frutas, nos cereais, etc”. O Dicionário de Verbos e Regimes de Francisco Fernandes, conjugando o verbo Bichar, assim procedeu: “Bichar Intransitivo-Encher-se de bichos: “O feijão bichou todo. Bicharam as frutas”. O Dicionário Mor da Língua Português, com supervisão do professor Cândido de Oliveira, falando da “bicharada”, diz: “bicharada,s.f.- Grande quantidade de bichos”. O Dicionário da Língua Portuguêsa de Cândido de Figueiredo, falando de bichento, assim se expressa: “Bichento, adj.Bras. Quem tem bichos nos pés. Cambaio: “o diabo do macaco bichento, em vez de me acompanhar, pôs-se com dengues”. – Coelho Neto, Sertão, O Dicionário Etymológico, Prosódico e Orthográphico da Língua Portugueza por J.T.da Silva Bastos – Lisboa, (1928), diz: “Bicharia (xa-ri), s.f.multidão de bichos; (pop.) poviléu; (fam.) piolho. (De bicho).

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