sexta-feira, 16 de novembro de 2007

“OS BICHOS NA LITERATURA MUNDIAL” POR IRACEMA M. RÉGIS

“OS BICHOS NA LITERATURA MUNDIAL”
Iracema M. Régis (*)

Os Bichos na Literatura Mundial”-, de autoria do jornalista e crítico literário, Aristides Theodoro. Sem modéstia à parte fui a primeira leitora a sentir a beleza, a enxergar o inusitado, o amplo trabalho de pesquisa e pôr que não dizer: o banho de erudição e informações, que vieram, quais sementes transportadas pelo vento, nas patas desses Bichos do Sr. Aristides Theodoro.

O segundo leitor, que acredito ter visto tudo isso e talvez mais, incentivado o autor a tornar pública essa coleção de bichinhos, foi , nada mais, nada menos, do que o poeta e crítico literário, Dimas Macedo – Bacharel e Mestre em Direito, Professor da Faculdade de Direito da UFC e Procurador do Estado do Ceará, dono de uma respeitadíssima obra literária, da qual destacamos: “Ossos do Ofício”/1992, “Leitura e Conjuntura”/1995, “Tempo e Antítese”/1997, “A Obra Literária de José Alcides Pinto”/2001 ( crítica literária) e “Estrela de Pedra”/1994, “Liturgia do Caos”/1996, “A Distância de Todas as Coisas”/2001-3a ed. (poemas).

De tanto ler, revisar e acompanhar os escritos de Aristides Theodoro, o que não serve de motivos para tecer elogios ou encontrar qualidades infundadas, posso no mínimo constatar e afirmar que ele chegou a uma maneira própria, gostosa e bem particular, de dizer as coisas . Se assim não fosse “Os Bichos na Literatura Mundial”, pôr tratar-se de um tema único e capítulo repetitivos, a sua leitura poderia tornar-se chata e cansativa. O que não acontece, pôr vários motivos: no decorrer da leitura vai aparecendo, sobrepondo-se, uma série de citações, títulos, frases e versos lapidares, que nos enriquecem, nos enchem a alma e nos levam às lágrimas, como estes versos do imenso baiano Castro Alves – “A juriti do taquaral no ramo, povoa soluçando a solidão”.

Por outro lado, as inúmeras citações feitas, pôr um sem número de escritores, nos remetem à pureza, à singeleza dos animais, à sua fiel amizade ao bicho homem; é palpável o caráter de humanismo emprestado pela Literatura aos bichos, tratando-os como gente, colocando como personagens centrais, quando menos, como figura de destaque nas suas estórias.

Em determinado momento do livro uma citação fala da semelhança entre o animal e o seu dono – por exemplo, gente nervosa e agressiva cria bichos agressivos; pessoas dóceis possuem animais dóceis. Então, eu que não sou dada a cães e gatos, lembrei-me de que uma vez perdi-me de amor pela cachorrinha Liuba (que em russo quer dizer querida): ela é a figura do dono – comportada, discreta, muito na sua, observadora, prestativa e ao mesmo tempo receptiva, quando acarinhada.

Poderia continuar mostrando mais aspectos positivos dessa obra, mas como tudo tem dois lados, houve também quem não gostasse – segundo o autor a pessoa expressou-se da seguinte forma:

- “Aristides, você saiu da estaca zero, para chegar a lugar nenhum”. Respeito o gosto, mas considero tal leitor mais animalesco do que todos esses Bichos reunidos aqui em dez capítulos, que sorvo com imenso prazer, pôr me passarem uma grande lição de humanidade.

(*) Iracema M. Régis

(Escritora e resenhista literária)

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