O velho escritor paulista Afonso Schmidt, no livro “São Paulo dos Meus Amores”, tem uma crônica que começa assim: “Se os passarinhos cuidassem de linhagem e, além das árvores de rua, tivesse árvores genealógicas, o mais mofino pardal do Anhangabaú poderia brasonar de avós que vieram no My Flower, isto é, na imigração histórica de
O norte-americano James Baldwin, no seu “Giovani”, diz assim: “O tempo é coisa simples, é comum, é como água para um peixe”. O mineiro Haroldo Bruno, na novela infanto-juvenil, “O Misterioso Rapto de Flor-do-Sereno”, assim escreveu: “Vai-se que tinha vontade - as galinhas, os bodes, os tatus, os tamanduás – de puxar um dedo de prosa com Zé Grande”. O poeta Fernando Leal no poema “O Leão e Outros Animais”, escreveu os versos que se seguem: “Uma ovelha, uma cabra e uma novilha, trataram com um leão, fazer igual partilha. Da caça que apanhassem no sertão”. É famosíssima a fábula de
Marion-Zimmer Bradley no best-seller “As Brumas de Avalon”, assim começa a história: “Naquele ano, as tempestades de primavera haviam sido excepcionalmente violentas; noite e dia o rumor das ondas ressoava pelo castelo, impedindo seus habitantes de dormir, e até os cães uivavam dolorosamente”. Portugal teve um poeta, e por sinal um bom poeta, que se chamou Bulhões Pato. O trovador português, João de Deus, no livro “Campo de Flor”, tem um poema intitulado “A Águia e o Corvo”. O chileno Dom Pablo Neruda, no seu envelhecido “Canto General”, disse assim: “Os ilustres papagaios encheram as profundidades da folhagem com lingotes de ouro verde”. Ezra Pound, no cântico II do seu monumental “Os Cantos”, foi sintético: “Gaivotas, abrem as asas”. O paranaense Emílio de Menezes, numa tradução livre de “O Corvo” de Poe, saiu-se assim: “Abro a janela e vejo entrar, ruidosamente, Amplas asas batendo e ares de fidalguia. Um majestoso corvo altivo e irreverente, como arauto feral da noite erma e bravia.”
O excelente regionalista goiano, Léo Godoy Otero, dono de um estilo singular, abre “O Caminho das Boiadas”, com estes versos: “Casqueando os dois sujos em matungos”.
O poeta mauaense Moysés Amaro Dalva, no poema “Super Star”, incluído na antologia “10 Poetas em Busca de um Leitor”, publicada pelo Colégio Brasileiro de Poetas, em 1977, diz o seguinte: “Ficaram belas tuas mãos; No entanto / A bênção esperada como dantes /, Não pousam mais em tuas mãos cirurgiadas; / E o pão que partes nos salões gran-finos. / O pão que partes já não multiplicas; / Como na lenda do Deserto outrora; / Nem os peixinhos que de-baldes-agora; / Esmiuças nos faustos dos banquetes; / Guardam aquele sabor de alimento abençoado”. O poeta baiano, Pacífico Ribeiro, no belo livro “Sonetos Remanescentes”, publicou estes versos de incontida beleza: “Num pé de manacá, Judith ouvia/ uma pobre cigarra penitente, / cantando tanto, estridulamente,/ nas tardes mornas quando o sol morria”. O francês Louis Aragon no livro “Les Yeus d’Elsa” (Os Olhos de Elza) diz assim: “Outrora os cavalos iam devagar”. O poeta gaúcho, Oliveira Silveira, em “Banzo Saudade Negra”, diz: “Sobre a terra / que o preto lavrador / abandonou / comido por corvos / jaz o boi / morto e preto”. “Na minha terra, no bulir do mato. / A juriti suspira” – disse o nosso melancólico Casimiro de Abreu, nas suas “As Primaveras”. “As aves aquáticas foram para o poleiro mais cedo / os cavalos dispararam nas pradarias do espaço” – Aristides Theodoro, do livro “Poeminha Sem Realismo Para Ruth”. Milton, no “Paraíso Perdido”, assim escreveu: “O Leviatã, aquático gigante, / A maior das viventes criaturas: / Quando dorme, assemelha um promontório; / Quando nada, parece ilha boiando". "Nesse tempo, após o Advento, / pelo Natal, morta a estação, / Quando os lobos vivem de vento”. – São versos do francês François Villon, que nasceu em Paris em 1431, mesmo ano
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