“E disse Deus: Produza as águas enxames de seres viventes, e voem as aves acima da terra, no firmamento do céu. Assim Deus criou as grandes criaturas do mar, e todos os seres viventes que se arrastam, os quais povoaram as águas, conforme as suas espécies, e todas as aves que voam, conforme a sua espécie”. Gênesis – da Bíblia. Caio Prado Júnior, na História Econômica do Brasil, descreve o que se segue: “o gado chega naturalmente estropiado a seu destino. A carne que produz, além de pouca, é de má qualidade”. O mineiro Murilo Mendes, no “Mundo Enigma” (1942), escreveu assim, no Poema Barroco, no seu linguajar hermético: “Os cavalos da aurora derrubando pianos avançam furiosamente pelas portas da noite”. Nas Obras Completas do crítico Agrippino Grieco, aquele que se riu à bandeira despregada da imbecilidade dos homens, se encontra um título com nome de animais: “Gralhas &Pavões”. O baiano Wilson Lins, no livro “Responso das Almas”, em certo ponto de um diálogo, fez um velho tabaréu dizer estas palavras: - “Era uma cobra enorme, do tamanho de um vapor, e que tinha quatro asas, cada qual de dois metros de comprimento”. O inventivo poeta cearense, Pedro Henrique Saraiva Leão, carrega bicho até no nome. O melancólico Luís Nicolau Fagundes Varela, em “Ave Maria”, escreveu esta quadra de beleza rara: “A noite desce, lenta e triste / Cobrem as sombras a serrania, / Calam-se as aves, choram os ventos, / Dizem os gênios: Ave Maria!” Outro poeta, o mineiro inconfidente, Silva Alvarenga, escreveu: “Quando puro se derrama / Vivo ardor no ameno prado, / Pelas brechas foge o gado / Verde rama a procurar”.
O paulista Paulo Prado, no volume seis, das suas Memórias, intitulado “Ofício de Trevas”, em uma legenda onde mostra os animais de sua estimação, diz: “A família zoológica era grande: quatro gatos, três cães, uma jaguatirica, um caititu, um ganso, dois jabutis e cerca de sessenta sapos. Toda comunidade, vivendo absolutamente unida e solidária...” O maranhense acadêmico, Josué Montello, publicou a novela “Antes que os Pássaros Acordem”. O português Miguel Torga, no Diário de 14 de setembro de 1975, ditou: “O Barroso coberto de gado. Os animais, diversos bichos a granel nos mesmos pastos, nos mesmos eitos, nos mesmos currais. Bois e galinhas no mais cordial convívio”. O inglês Percy Shelley (1795-1822) narrou no livro “Ave Viúva Pousada” o que se segue: “Ave viúva pousada / Chorando por seu amado / Sobre um ramo relegado”. O Prêmio Nobel alemão, Paul Heyse, escreveu em
O escritor português Júlio Dantas (1816-1962) escreveu em 1920 “Abelhas Douradas”. Outro português, Gomes Francisco Amorim, que viveu no Brasil, onde se alfabetizou, editou “O Fígado de Tigres”; João José Graves fez vir à tona “Noite de Cães”. Helder Herberto de Oliveira publicou em Lisboa, em 1997, o romance “Cobra”. Vitorino Nemésio batizou seu livro de “O Cavalo Encantado”. Oliveira Soares publicou em 1970 crônicas intituladas “As Andorinhas Não Tem Restaurante”. O Sueco Carl Spitteler tem um livro intitulado “Borboletas”. “O Pintarouxo” é título de um conto de Selma Lagerlof. O grande contista paraense Ingles de Souza (1853-1918), que pode ser incluído, sem favor algum, entre os maiores contistas deste país, em todos os tempos, narrou o que se segue, no conto regionalista Acauã: “Desde as sete horas da tarde, só se ouve na povoação o pio agourento do murucututu ou o lúgubre uivar de algum cão vagabundo, apostando queixume com as águas múrmuras do rio”. E mais adiante, no mesmo conto, o imenso narrador nortista ainda diz: “Aquela voz era a voz da cobra grande, da coloçal surucuriju, que reside no fundo dos rios e dos lagos. Eram os lamentos do monstro em laboroso parto”. Dalton Trevisan intitulou um dos seus livros de “Cemitério de Elefante”. Já houve quem dissesse, se referindo ao escritor B. Traven, que ele foi “um daqueles gênios esquecidos da literatura americana do século XX”. Esse sublime narrador, diz assim, no livro “O Visitante e Outras Histórias”: “Pássaros silvestres perseguiam as abelhas todo o tempo, apanhando-as quando elas entravam nas colméias ou delas saiam”. O irônico François Rabelais, um dos risos mais mordazes em todos os tempos, intitulou um dos pequenos capítulos de “O Gargântua”. “De Como Gargântua foi enviado a Paris na grande égua que desfiou as Moscas Bovinas. O primeiro capítulo de “O Meu Nome é Aram”, de William Saroyan, chama-se “O Varão do Maravilhoso Cavalo Branco”. A norte-americana Daphine do Maurier, que já foi muito lida e badalada no passado, assim se expressou em “A Estalagem Maldita”: “O que mais tinha sentido fora a morte da velha jumenta que as servira durante vinte anos e sobre cujas costelas largas e vigorosas Mary pela primeira vez esticou suas perninhas de menina”.
Um comentário:
Carl Spiettler é suíço (Nobel da Literatura em 1919)
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